* 03 OUTUBRO
Testemunho de uma cristandade, de que pouco se conhece, o culto dos mártires Veríssimo, Máxima e Júlia, surge envolto em nebulosa, que apenas permite com rigor atentar na perenidade de uma memória cultivada em Lisboa, muito embora se estenda por outras zonas, como Coimbra, Braga e Porto.
Na Diocese do Porto, têm S. Veríssimo como padroeiro as paróquias de Paranhos, Valbom, Nevolgilde, Lagares (Felgueiras) e São Veríssimo, de Amarante.
Uma das referências mais antigas referentes aos mártires de Lisboa surge no Martyrologium de Usuardo que, em 858, percorre diversas cidades hispanicas em busca de relíquias.
O percurso da vida destes mártires, é impossível de averiguar com rigor.
Segundo a "Legenda", os irmãos lisboneses, Veríssimo, Máxima e Júlia, durante a perseguição de Dioclesiano (imperador romano de 284 a 305 d. C.), apresentaram-se espontaneamente ao executor dos éditos imperiais, confessando a fé cristã.
Tentou ele dissuadi-los, com promessas e ameaças e, como nada conseguisse, mandou-os prender.
Vitoriosos da prova do cárcere, aplicou-lhes o juiz vários tormentos: açoites, ecúleo, unhas de ferro, lâminas em brasa. Como ainda resistissem, mandou arrastá-los pelas ruas da cidade e, por fim, degolar. Assim alcançaram a palma do martírio a 1 de Outubro de 303 ou 304.
Não contente com o que lhes fizera em vida, perseguiu-os o juiz depois de mortos, ordenando que os cadáveres ficassem insepultos, para servirem de pasto aos cães e às aves.
Como as feras os respeitavam, mandou então que os lançassem ao mar com pesadas pedras.
Ainda os barqueiros não tinham regressado à praia e já os santos despojos lá se encontravam.
Recolheram-nos piedosamente os cristãos e sepultaram-nos no lugar onde depois se erigiu uma Igreja que ainda por memória se chama "dos santos".
Em 1529, a comendadeira D. Ana de Mendonça, mandou colocar as relíquias em cofre de prata, ao lado direito do altar mor, com o epitáfio seguinte: "Sepultura dos santtos martyres S. Verissimo, Santa Maxima & Iulia, filhos de hum senador de Roma, vindos a esta cidade a receber martyrio, por reuelação do Anjo. Iazem nesta sepultura os seos santos corpos, os quaes há 1350 annos que padecerão & forão trasladados a esta casa onde jazem".
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