domingo, 19 de junho de 2011

SÃO MARTINHO I - Papa

* 13 ABRIL



O papa Martinho I sabia que as consequências das atitudes que tomou contra o imperador Constantino II, no século VII, não seriam nada boas. Nessa época, os detentores do poder achavam que podiam interferir na Igreja, como se a sua doutrina devesse submissão ao Estado. Martinho defendeu os dogmas cristãos, por isso foi submetido a grandes humilhações e também a degradantes torturas.

Martinho nasceu em Todi, na Toscana, e era padre em Roma quando morreu o papa Teodoro, em 649. Eleito para sucedê-lo, Martinho I passou a dirigir a Igreja com a mão forte da disciplina que o período exigia. Para deixar isso bem claro ao chefe do poder secular de então, assumiu mesmo antes de ter a sua eleição referendada pelo imperador.

Um ano antes, Constantino II tinha publicado o documento "Tipo", que apoiava as teses hereges do cisma dos monoteistas, os quais negavam a condição humana de Cristo, o que se opõe às principais raízes do cristianismo. Para reafirmar essa posição, o papa convocou, ainda, um grande Concílio, um dos maiores da história da Igreja, na basílica de São João de Latrão, para o qual foram convidados todos os bispos do Ocidente. Ali foram condenadas, definitivamente, todas as teses monoteistas, o que provocou a ira mortal do imperador Constantino II.

Ele ordenou ao seu representante em Ravena, Olímpio, que prendesse o papa Martinho I. Querendo agradar ao poderoso imperador, Olímpio resolveu ir além das ordens: planeou matar Martinho. Armou um plano com o seu escudeiro, que entrou no local de uma missa em que o próprio papa daria a santa comunhão aos fiéis. Na hora de receber a hóstia, o assassino sacou do seu punhal, mas ficou cego no mesmo instante e fugiu apavorado. Impressionado, Olímpio aliou-se a Martinho e projetou uma luta armada contra Constantinopla. Mas o papa perdeu a sua defesa militar porque Olímpio morreu em seguida, vitima pela peste que alastrava-se naquela época.

Com o caminho livre, o imperador Constantino II ordenou a prisão do papa Martinho I pedindo a sua transferência para que o julgamento se desse em Bósforo, estreito que separa a Europa da Ásia, próximo a Istambul, na Turquia. A viagem tornou-se um verdadeiro suplício, que durou quinze meses e acabou com a saúde do papa. Mesmo assim, ao chegar à cidade, ficou exposto, desnudo, sobre um leito no meio da rua, para ser execrado pela população. Depois, foi mantido incomunicável num fétido e podre calabouço, sem as mínimas condições de higiene e alimentação.

No fim do julgamento, o papa Martinho I foi condenado ao exílio na Criméia, sul da Rússia, e levado para lá em Março de 655, numa outra angustiante e sofrida viagem que durou dois meses. Ele acabou por morrer de fome quatro meses depois, a 16 de Setembro daquele ano. Foi o último papa a ser martirizado e a sua comemoração foi determinada pelo novo calendário litúrgico da Igreja para o dia 13 de abril.

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