quinta-feira, 2 de setembro de 2010

SÃO JOÃO GUALBERTO - Abade

* 12 JULHO



João Gualberto, membro da ilustre e nobre família dos Visdomini, nasceu por volta do ano 1000 na Itália, na região da Toscana, em Florença.

Ainda jovem, cheio de energia e fortemente abalado emocionalmente pelo assassinato de seu irmão Ugo, assume com determinação e obstinação o empenho de vingar e defender a honra ultrajada de sua família.

Mesmo que a vingança sempre tenha sido um pecado condenado pela Igreja, as regras da vida social daquele tempo a absorviam e a entendiam como algo natural, às vezes merecedor de mérito, pois ressaltava a bravura do homem medieval, de modo que a compreensão de heroísmo equivalia a agir segundo as regras da sociedade feudal.

A localização de João Gualberto numa época com uma mentalidade comportamental predominante vingativa e facilmente orientada para os confrontos directos, somados ao facto de que ele se impunha uma obrigatoriedade cultural de reagir à morte do irmão, introduzem-nos na compreensão de que os santos foram pessoas que se santificaram no mundo, rompendo com certos padrões e determinismos sociais, sobretudo quando esses atentam contra a integridade da pessoa humana, atribuindo um sentido menor para a vida.

Semelhante idéia podemos constatar na espiritualidade dos monges do deserto (da “fuga mundi”), que através de um rompimento com um modelo de vida social de seu tempo, rompiam com os ideais da sociedade, quando estes não realizam a vocação primordial do ser humano que é a busca da santidade, à qual Deus chama toda a criatura, e que passa directamente pela dimensão dos inter-relacionamentos humanos como expressões de amor e de perdão , tal como na relação que estabelece com a humanidade.

O facto que introduziu João Gualberto na experiência do seu deserto interior, como um início da sua caminhada em busca da santidade e na perspectiva de um relacionamento sagrado entre as pessoas, aconteceu numa Sexta-feira Santa, único dia em que a Igreja não realiza o sacrifício da Missa, mas que foi uma ocasião em que João Gualberto sacrificou o seu eu violento e vingador, unindo-se aos mistérios da paixão, morte e ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo, que no seu infinito amor perdoou os seus crucificadores.

Foram determinantes para esse contexto da vida de João Gualberto, dois factores: a sua abertura à acção da graça divina (que lhe deu a inclinação para o perdoar) e uma profunda dimensão de louvor e acção de graças (que lhe fortaleceu na renúncia ao instinto de ira e vingança).

A história conta-nos que nesta data tão marcada por fortes sentimentos de comoção da população, João Gualberto defronta-se com o seu inimigo, o assassino do seu irmão.

Estando em condições de vantagem sobre ele, João impunha a sua espada para o golpe fatal da vingança. Entretanto, foi surpreendido pelo pedido de clemência e de conservação da vida, em nome do Cristo que naquele dia a Igreja venerava no mistério da cruz.

Esse pedido tocou-lhe profundamente o seu interior, como se fosse uma espada a penetrar-lhe na alma, de modo que João Gualberto após instantes de silêncio e de profunda introspecção, como que num êxtase místico, contempla o sentido supremo da linguagem da cruz, do gesto salvífico de Cristo na cruz, que morrendo clama ao Pai dizendo: “Pai, perdoa-lhes...” (Lc 23,34).

João Gualberto depõe a espada e abraça o seu inimigo, permanecendo, alguns instantes em comoção de lágrimas. Podemos perceber que ele seguiu o exemplo do Mestre.

Com certeza daí começa a germinar a compreensão da necessidade de conversão diária, que vai auxiliar João Gualberto a vivenciar na vida monástica beneditina, o voto da “Conversatio Morum” (conversão dos costumes), como uma quotidiana entrega à vontade do Pai, tal como um dia Jesus nos ensinou como modelo de oração (cf. Mt 6,10).

João Gualberto, comovido, efectiva gestualmente uma liturgia do perdão, ao abraçar externa e interiormente aquele que era até então o seu inimigo. Após a sua autêntica experiência de perdão, ele, motivado por uma inspiração de fé, dirige-se a uma Igreja próxima, de um mosteiro beneditino, a Basílica de São Miniato (Florença), e lá movido por um profundo desejo de louvor e de contacto com Deus através da oração, entrega-se à veneração do Cristo crucificado.


* Na Ordem dos Carmelitas Descalços - BB. LUIS MARTIN e CÉLIA GUÉRIN

* Na Ordem Franciscana - SS. JOÃO JONES e JOÃO WALL, Presbíteros e Mártires
 
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